
A Bahia, terra de rica diversidade cultural e natural, tem testemunhado um florescimento notável das políticas públicas voltadas para a economia solidária. Longe de ser apenas um paliativo econômico, a economia solidária emerge como um modelo de desenvolvimento que entrelaça geração de renda, justiça social, autonomia e respeito ao meio ambiente. Nesse cenário promissor, os municípios baianos se revelam atores cruciais, tecendo a malha que sustenta e expande essa abordagem transformadora.
Nos últimos anos, o estado tem colhido os frutos de um olhar mais atento e estratégico para a economia solidária. Iniciativas governamentais, impulsionadas pela crescente compreensão de seu potencial, têm fomentado a criação e o fortalecimento de empreendimentos coletivos nos mais diversos setores, desde a agricultura familiar agroecológica até o artesanato, o turismo de base comunitária e a prestação de serviços. O apoio governamental, aliado a investimentos em assistência técnica e à facilitação do acesso ao crédito, tem permitido que pequenos produtores e grupos de trabalhadores se consolidem no mercado, construindo alternativas econômicas viáveis e sustentáveis.
Um exemplo concreto desse avanço pode ser ilustrado pela trajetória de municípios da Chapada Diamantina, onde a articulação política tem desempenhado um papel fundamental. Em Nova Redenção, Ibitiara e outros municípios da região, a sensibilidade dos gestores locais e o diálogo constante com as comunidades têm pavimentado o caminho para a implementação de políticas que valorizam a produção local, o comércio justo e a colaboração.
Em Nova Redenção, por exemplo, o apoio à agricultura familiar através de programas de aquisição direta para a merenda escolar e o incentivo à criação de cooperativas de produtores têm fortalecido a economia local e garantido alimentos saudáveis para os estudantes. Em Ibitiara, a valorização do artesanato local, com a criação de espaços de comercialização e a promoção de oficinas de capacitação, tem gerado renda para muitas famílias e preservado saberes tradicionais.
Esses exemplos da Chapada Diamantina, onde a atuação como articulador político tem contribuído para a concretização dessas iniciativas, servem de inspiração e modelo para os demais municípios baianos. É essencial que os gestores locais reconheçam o potencial da economia solidária como uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento territorial, capaz de reduzir desigualdades, gerar oportunidades e fortalecer a identidade local.
Para que a economia solidária continue a prosperar em toda a Bahia, é fundamental que os municípios assumam um papel proativo, implementando ações como:
- Criação de instâncias de gestão e fomento à economia solidária: Secretarias, coordenações ou conselhos municipais dedicados ao tema podem articular políticas, programas e ações de forma integrada e eficiente.
- Mapeamento e cadastramento dos empreendimentos de economia solidária locais: Conhecer a realidade local é o primeiro passo para direcionar o apoio e as políticas de forma assertiva.
- Facilitação do acesso a crédito e microcrédito: Linhas de financiamento adequadas às necessidades dos empreendimentos solidários podem impulsionar seu crescimento e sustentabilidade.
- Investimento em assistência técnica e capacitação: Oferecer formação em gestão, produção, comercialização e outras áreas relevantes fortalece os empreendimentos e aumenta sua competitividade.
- Incentivo à comercialização e à criação de redes: Apoiar a participação em feiras, mercados e a formação de redes de colaboração facilita o acesso ao mercado e o escoamento da produção.
- Priorização da economia solidária nas compras públicas: A Lei nº 13.000/2014 já estabelece a prioridade para os empreendimentos econômicos solidários nas compras governamentais, e os municípios podem implementar essa diretriz de forma efetiva.
- Promoção da educação para a economia solidária: Sensibilizar a população e os agentes públicos sobre os princípios e benefícios da economia solidária é crucial para construir uma cultura de colaboração e solidariedade.
Ao reconhecer e apoiar a economia solidária, os municípios baianos não apenas impulsionam o desenvolvimento econômico, mas também promovem a inclusão social, a valorização do trabalho humano e a construção de comunidades mais justas e resilientes. O caminho está sendo trilhado, e a experiência da Chapada Diamantina demonstra que, com articulação política e sensibilidade social, a Bahia pode se tornar uma referência nacional em economia solidária.
Elan Melo
Especialista em Políticas Públicas e Advocacy
Instagram: @elanmelooficial
Comments are closed